“Tenho medo de elas me pegarem e me matarem quando saírem da prisão”, desabafa
O catador de recicláveis agredido por mulheres em São Sebastião fugiu do Hospital do Paranoá e está em casa, com a família. João Pereira da Silva, 38 anos, sofre de esquizofrenia e é alcoólatra, segundo familiares. O homem conta ao Jornal de Brasíliadetalhes da agressão sofrida no último sábado (2). A polícia ainda não esclareceu o motivo da violência.
A versão sustentada inicialmente pela Polícia Civil, porém, era de que ele estaria em coma. Mas, na verdade, o paciente internado em estado grave se trata de outra pessoa, ainda não identificada. “Colhemos as digitais do homem para que ele seja identificado”, explica o delegado chefe da 30ª DP, Ricardo Carvalho.
Irmã do morador de rua agredido, Lídia Pereira da Silva, 48, foi avisada do espancamento no domingo pela manhã. “Uma colega me ligou e fui direto para o hospital. Mas quando cheguei ele não estava mais lá “, lembra.
“Tudo que eu sabia era que ele tinha sido agredido com uma garrafa e estava com a orelha cortada”, conta. “No hospital, disseram que ele agrediu um policial e foi embora, apesar de terem tentado segurá-lo”, complementa.
No domingo, João Pereira da Silva já estava em casa. “Ele passa aqui para dormir, mas sai cedo para catar latinhas, vender e comprar bebida. Chegou aqui ensanguentado”, narra a mulher.
Marido dela, Kadu Ximenes, 34, fala sobre o comportamento do cunhado. “Ele bebe muito e vive jogado na rua. Mexeu com as mulheres e acabou apanhando”, comenta.
“Tenho medo de me matarem”
Ao Jornal de Brasilia, o morador de rua conta o que houve. “Fui pego de surpresa, pelas costas. Pegaram uma garrafa. Minha orelha quase foi decepada. Vieram para matar mesmo. Fui para o hospital, deram ponto na minha orelha, mas fugi. Tenho medo de elas me pegarem e me matarem quando saírem da prisão”, admite.
Testemunhas
Motociclistas do Ligerinho Moto Táxi, onde a agressão aconteceu confirmam que João Pereira da Silva já circula pelas ruas. O proprietário, Daniel Carlos, conta que o homem é conhecido na região. “Sempre está brigando na rua e mexendo com mulher, jogando pedra nos outros. Hoje pela manhã comprou remédio na farmácia aqui do lado” aponta.
Versão da polícia
Segundo o delegado, a versão da família e das testemunhas tem de ser “trabalhada”. Uma das mulheres, Tabata Caroline Mesquita Lisboa, 24, está presa e foi autuada em flagrante por tentativa de homicídio qualificado. A outra, menor de idade, foi encaminhada à DCA. Há um terceiro envolvido no crime, um homem armado, que ainda não foi localizado pela polícia.
Fonte: Jornal de Brasília