Paralisações de servidores do DF são só início de pressão

“Só queremos o que foi prometido”, alerta o presidente do Sindireta, Ibrahim Yusef. Foto: Myke Sena

Ao escapar da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), o governador Rodrigo Rollemberg solucionou um problema, mas ganhou outro, ainda mais conflituoso em tempos de reeleição. O governo local conseguiu ficar abaixo do limite prudencial, ao usar 46,07% da receita corrente líquida para pagar salários, quando o limite prudencial é 46,55%, mas o novo desfecho dos cálculos abriu margem para a cobrança dos servidores do DF quanto a reajustes salariais, pagamentos de pecúnias e outros benefícios. Sem um parecer positivo de Rollemberg, 33 categorias já estão compactuadas em parar os serviços – e a cidade – a partir de março.

As cobranças dos servidores martelam o Executivo desde o começo do governo, em 1º de janeiro de 2015. De forma geral, o funcionalismo público do DF aguarda a terceira e última parcela do reajuste salarial acordado na gestão anterior, a do petista Agnelo Queiroz. A Casa Civil disse que tem mantido diálogo com as categorias, que existem 32 mesas permanentes de negociação, mas mesmo assim afirmou que não arcará com novos reajustes. “Só queremos o que foi prometido. Depois que saísse da LRF, sentaria e resolveria, mas não honrou as pendências de 2015. Na semana que vem começam as plenárias, as paralisações de 24 horas, 48 horas e a greve real”, alertou o presidente do Sindireta, Ibrahim Yusef.

Ontem, servidores do Departamento de Trânsito do DF (Detran) acertaram paralisação de 24 horas. Hoje, é a vez dos policiais civis. A categoria decidiu por uma greve de 72 horas a partir das 8h desta quarta. Até as 8h do próximo sábado, as delegacias só registrarão flagrantes e ocorrências de crimes graves, como homicídio, latrocínio e estupro. “O descaso do governo cansou a categoria e é por isso essa paralisação”, afirma Rodrigo Franco Gaúcho, presidente do Sinpol-DF. O Sindicato dos Delegados da Polícia Civil (Sindepo-DF) convocou assembleia para 28 de fevereiro.

Agentes socioeducativos e funcionários da Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap) também devem cruzar os braços. O SindSaúde já marcou um seminário da categoria para os dias 23 e 24 de fevereiro, quando o assunto será colocado em pauta. Porém, o indicativo também é de greve. A previsão é de que a área da saúde se junte ao motim no fim de março, em busca dos reajustes salariais dos funcionários. O Sindicato dos Professores (Sinpro) fará a primeira assembleia em 8 de março.

Os profissionais da carreira de assistência social começam a pressão no dia 26. “O governo, se quiser evitar mais esse confronto com a categoria, deve negociar seriamente com o sindicato. Tivemos duas reuniões com ele antes dessa decisão e não apresentou nenhuma proposta”, lembrou o presidente do Sindicato dos Servidores da Assistência Social e Cultural do DF, Clayton Avelar.

Saiba mais

O GDF passou quase três anos sem poder aumentar as despesas com pessoal. Amarrado para contratações e reajustes. A corda só saiu do pescoço em setembro de 2017. No primeiro quadrimestre de 2017, o governo ficou acima do limite prudencial, bateu 47,19%. Já no segundo quadrimestre, 44,81% da receita corrente líquida foram usados para pagar salários.

Fonte: Jornal de Brasília